Conheça um pouco mais sobre Flávio Samelo

18:03 Amanda Henriques 0 Comments


Em entrevista par ao Hype BR, Flávio Samelo fala sobre sua paixão pela fotografia e arte urbana. Você confere aqui, no Arquitetura Interiores, a versão completa da reportagem e fotos das obras de Samelo.

Flávio, o que te fez seguir a carreira de fotógrafo?

Eu andava de skate todo dia com um monte de gente que andava de skate bem melhor que eu. Tinha uma pista que eu ia quase todo dia andar, a ZN skatepark e muita gente boa andava de skate lá como o Bob Burnquist, Ricardo Pingüim, Robson Reco, James Bambam, Marcus Vinicius, Pietro e tantos outros, e eu não andava de skate no mesmo nível que eles, claro, dae para continuar andando com meus amigos e não me sentir constrangido decidi começar a fotografar meus amigos andando de skate e dae tudo começou, isso foi em 1992.




Apesar de amplo, o seu trabalho é bastante focado na cultura do skateboard, arte urbana, moda e música. De onde veio a vontade de explorar esse universo?

Sempre andei na rua, sempre vivi a cultura das coisas que eu tive acesso, e durante 1990 e 2000 minha vida foi 100% o skate, meus amigos, minhas viagens, meus trabalhos, minha sobrevivência mesmo vinha do skate. Tinham muitos skatistas que eram grafiteiros e pichadores então essa questão da arte urbana entrou na minha vida pelo skate, assim como todo o resto. Depois comecei a pesquisar mais sobre arte e me identifiquei de mais com arte contemporânea e moderna, então decidi estudar mais isso e fiz uma pós-graduação em história da arte que mudou totalmente minha perspectiva sobre a arte e sobre as coisas que eu já tinha feito até então.


 Quais e quem são , as suas maiores influências?

São muitas, cada pessoa que eu conheci, cada professor/orientador que tive, os amigos de sempre, é muita coisa. Mas claro que no skate o Marcus Vinícius, hoje conhecido como Kamau, foi o mais importante, no sentido de ser uma pessoa com opinião e saber do que está falando, me fez aprender a estudar para poder justificar minhas opiniões das coisas. O Fabio Cristiano, conhecido antigamente por Chupeta, foi uma referencia de como estar sempre frente dos outros a sua volta sendo você mesmo, fazer as coisas que você ache certo e ter atitude. Nas artes plásticas o Sesper foi muito importante pra mim pois me mostrou a possibilidade de eu fazer arte do meu jeito, com as coisas que eu tinha na mão, que arte não era saber desenhar nem ter um cavalete em casa, arte era se expressar do meu jeito, pra mim. A figura de Geraldo de Barros foi determinante pra mim quando conheci seus trabalho, tão inovador pra sua época e revolucionário pela técnica utilizada. Tem tantos outros como Freud, Darwin, Spike Jonze, Coltrane, Verocai, Nuts e a lista é grande.

Existe algum trabalho seu, específico, que você considere especial?

Acho que um dos que mais marcou foi meu primeiro livro, o Skate Arte, que fiz independentemente em 2006 com o apoio da NIKE SB BRASIL. Coloquei ali tudo que eu sempre quis ver nas revistas e skate o mundo mas não via, e deu super certo, todo mundo que viu gostou e comentou coisas interessantes sobre. Teve também, na mesma época um modelo de dunk da nike que eu desenhei, o qual também deu um upgrade no reconhecimento ao meu trabalho no mercado mundial. Nas artes plásticas, ter participado da última Bienal Vento Sul, que aconteceu em Curitiba, foi a realização de um sonho como artista plástico, assim como eu ter participado da exposição Contra-O-Verso em São Paulo, no final de 2008 com grandes artistas da arte urbana, os quais são meus amigos e influências.

Como foi a sensação de ter um sneaker feito em sua homenagem?

Uma coisa super especial, ainda mais que eu tive autoridade para literalmente fazer o que quisesse. O pessoal da nike foi super aberto comigo e me deu liberdade total, uma coisa muito boa para você desenvolver algo verdadeiro.

Que sons você tem escutado no momento?

Minha pesquisa musical muda constantemente, mas sempre acabo escutando musica brasileira da década de 60 e 70, musica africana da década de 70 e é claro muito jazz. Tem umas coisas que eu gosto muito, mas que é mais difícil eu conseguir achar coisas sobre, que são os jazz produzidos no leste europeu desde 1950, é muito original e inspirador.

Algum livro?

Nunca fui uma pessoa de ler, sempre fui mais pro visual mesmo, imagens. Depois da pós comecei a ler muito mais, querer saber mais detalhes das coisas, as histórias por traz das imagens. Atualmente minha leitura é on-line. Adoro blogs, leio muito, diversos assuntos, escrevo sobre notícias malucas para a Void, de Porto Alegre e acho que essa coisa móbile é muito melhor que gastar papel imprimindo coisas que as vezes as pessoas nem lêem de verdade.

Fotografia…cinema? Você tem vontade de se aventurar nesse universo?

Eu tento cada vez mais experimentar na fotografia. O trabalho do Geraldo de Barros e dos fotógrafos modernos brasileiros da década de 50, os quais tenho pesquisado muito, me inspiram muito em evoluir essas pesquisas que eles fizeram por aqui 60 anos atrás. Já cinema estou começando a me interessar a produzir, pois essa evolução digital do cinema tem feito a coisa mais acessível aqui no Brasil também e é claro que é necessário muita pesquisa ainda da minha parte.

O que é indispensável no seu dia a dia?

A primeira coisa é saber se a Jay está bem (Samelo é casado com a modelo americana, Jay Hudson), pois aqui no Brasil é muito diferente para ela e como ela ainda está aprendendo a falar português, tenho que cuidar mesmo dela. De resto é mais minha organização de tempo e agenda no bolso e lembrar que estou em São Paulo, uma cidade de 20.000.000 de habitantes, onde faz 35ºC até as 16hs, as 17hs chove tudo que tem de água no céu em 2 horas e as 20hs está tudo alagado e ninguém se move mais ahhhahaha

Que equipamentos fotográficos você usa?

Isso é relativo. Não me preocupo muito com equipamentos, por vários motivos, aqui no Brasil tudo é quase 3 vezes o preço das coisas em NYC por exemplo, e se ganha 2 vezes menos, proporcionalmente falando. Sempre aprendi a fazer as coisas que queria com o que eu tinha na mão, então nunca liguei pra isso muito. É evidente que um bom equipamento faz a diferença, mas quando não se tem um, não dá pra deixar de fazer as coisas certo? então nunca foi determinante pra mim essa questão. Eu uso um cannon G9 no bolso sempre, todo dia, adoro usar a hassel, porem não tem mais lugares para se revelar filmes aqui em São Paulo, apenas um ou dois. Mas a câmera que eu mais gosto de usar são as HOLGA, aquilo pra mim é sensacional. Tenho feito até publicidade com ela.



O que você diria para alguém que está iniciando, e pensando em levar a carreira a sério?

Acho que o mais importante é ser você mesmo, desenvolver suas próprias coisas e não acreditar muito nas coisas que todo mundo está gostando e tentar estar sempre fora da massa, tentar sempre ver a coisa de outro ângulo, de outro ponto de vista, assim você será menos manipulado e mais consciente das coisas que te cercam, seja lá onde você estiver.

Fotos do site oficial do artista: flaviosamelo.com

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